quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Estratégias de conservação

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ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO PARA O CERRADO PAULISTA A PARTIR DA MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL

Diretrizes da Oficina Estratégias e Ações pela Conservação do Cerrado, promovida pelo Instituto Ambiental Vidágua, com recursos do PPP/GEF/PNUD, em 7 de maio de 2005, na cidade de Bauru/SP.

Identificação e Conservação do Cerrado


  1. Cobrar do poder público a implementação das diretrizes extraídas dos seguintes encontros/estudos: Workshop Bases para Conservação e Uso Sustentável das Áreas de Cerrado do Estado de São Paulo (PROBIO, 1995), Workshop Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado e do Pantanal (MMA, 1999) e Diretrizes do Programa Cerrado Sustentável (Grupo de Trabalho do Bioma Cerrado, instituído pela Portaria MMA 361, de 12 de setembro de 2003);
  2. Reivindicar dos órgãos competentes a declaração de uma Moratória para o desmatamento do Cerrado até que os estudos para implementação de Unidades de Conservação nas Áreas Prioritárias para Conservação estejam concluídos;
  3. Requerer dos órgãos competentes que a área de Cerrado protegida em Unidades de Conservação dobre nos próximos anos;
  4. Cobrar dos órgãos competentes estudos e levantamentos (fauna, flora, conflitos fundiários e outros) nas Áreas Prioritárias para Conservação;
  5. Solicitar e promover a criação de Corredores Ecológicos fazendo a conexão entre fragmentos do Cerrado;
  6. Monitorar via satélite os fragmentos de Cerrado, cruzando essas informações com dados de áreas licenciadas e de Áreas Prioritárias para Conservação;
  7. Incentivar a divulgação do Dia do Cerrado (dia 11 de setembro);
  8. Reivindicar a criação de novas unidades de conservação no bioma, inclusive Municipais;
  9. Incentivar a criação de Jardins Botânicos Municipais de Cerrado, a exemplo do Jardim Botânico de Bauru;
  10. Solicitar aos órgãos competentes a criação de incentivos para a criação de RPPNs – Reservas Particulares do Patrimônio Natural;
  11. Requerer aos órgãos competentes que os recursos decorrentes de compensações ambientais sejam utilizados para a criação de Unidades de Conservação;
  12. Solicitar aos órgãos competentes o levantamento de conflitos fundiários em UC`s e nas Áreas Prioritárias para Conservação; 
  13. Solicitar aos órgãos competentes a transformação de áreas de propriedade do Estado e da União e de outras instituições (ITESP, INCRA, FEPASA, ex-Rede Ferroviária Federal) em Unidade de Conservação;
  14. Reivindicar o fim de assentamentos para fins humanos e agrários em áreas com vegetação do bioma Cerrado; 
  15. Fortalecer a Rede Cerrado de ONGs dentro do Estado de São Paulo;
  16. Incentivar a ampliação da participação da Sociedade Civil em colegiados e conselhos do Estado;
  17. Solicitar aos órgãos competentes que cobrem a averbação das Reservas Legais nas propriedades privadas localizadas no bioma;
  18. Solicitar aos órgãos competentes que estimulem a averbação de áreas de “Campo” e “Campo Cerrado” como Reserva Legal, e não apenas áreas de floresta;
  19. Promover a criação e/ou implantação de Corredores Ecológicos fazendo a conexão entre fragmentos do Cerrado;
  20. Criação de incentivos para estudos e pesquisas envolvendo espécies ameaçadas ou sobre explotadas nos Cursos de Graduação e Pós Graduação;
  21. Criação de linhas e instituições de pesquisa em Cerrado;
  22. Incentivar a produção de sementes e mudas do Cerrado, a criação de bancos de germoplasma, com controle da variabilidade genética, a criação de viveiros de mudas do Cerrado e fortalecer e criar redes de sementes;
  23. Incentivar a recuperação de áreas degradadas com espécies do Cerrado;
  24. Realizar estudos e pesquisas de comportamento, reprodução e reintrodução de animais do Cerrado e incentivar as parcerias visando o monitoramento genético da fauna e flora;
  25. Promover a Educação Ambiental com vistas à conservação do Cerrado;
  26. Analisar a possibilidade do desenvolvimento de projetos de Seqüestro de Carbono no Cerrado;
  27. Promover estudos para descobrir as potencialidades econômicas para conservação do Cerrado;
  28. Pesquisar os insetos do Cerrado com vistas à conservação e ao controle biológico;
  29. Incentivar a publicação de pesquisas sobre o Cerrado;
  30. Solicitar aos órgãos competentes o controle da disseminação de Pinus e outras espécies exóticas invasoras (fauna e flora) em áreas do bioma Cerrado;
  31. Estimular o consumo de produtos certificados;
  32. Propor aos municípios a arborização urbana com espécies arbóreas e arbustivas do Cerrado;
  33. Propor aos órgãos gestores de turismo a regulamentação de ações de turismo em áreas conservadas;
  34. Promover a utilização sustentável do Cerrado para fins de ecoturismo;
  35. Incentivar a exploração sustentável de produtos do Cerrado (frutos, fitoterápicos e outros);
  36. Conscientizar a população local sobre o Cerrado;
  37. Desenvolver projetos sobre o Cerrado nos Comitês de Bacia;
  38. Fortalecer a certificação de produtos para Cerrado com vistas à Conservação do bioma.

Fortalecimento de Políticas Públicas e Legislação para o Cerrado

  1. Requerer ao Congresso Nacional e à Assembléia Legislativa paulista a inserção do Cerrado como Patrimônio Nacional no artigo 225 da Constituição Federal e na Constituição do Estado de São Paulo;
  2. Requerer à Assembléia Legislativa a elaboração de uma legislação específica para a conservação do bioma para o Estado de São Paulo, promovendo ato público em comemoração ao Dia Nacional do Cerrado e levando a discussão aos deputados estaduais; 
  3. Promover um encontro com os Secretários, Diretores e ou Coordenadores de Meio Ambiente dos 267 municípios paulistas do bioma Cerrado;
  4. Fazer o levantamento das ONGs dos 267 municípios do Cerrado para integrá-las, através do PROAONG e da Rede Cerrado;
  5. Incentivar as entidades da sociedade civil que atuam com o bioma Cerrado a participar dos Comitês de Bacia;
  6. Incentivar a formação de cooperativas para o uso sustentável do Cerrado;
  7. Solicitar à Secretaria Estadual do Meio Ambiente que seja exigido previamente levantamentos faunísticos nos pedidos de supressão do Cerrado;
  8. Destacar nas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos as Áreas Prioritárias para Conservação, promovendo uma interação entre os CBHs e a sociedade civil que atua no bioma e a inclusão das áreas nos respectivos Planos de Bacia;
  9. Requerer o aumento dos recursos orçamentários para a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, com vistas à Conservação do Cerrado.

Educação Ambiental e Alternativas sustentáveis para uso do Cerrado

  1. Incentivar as Redes de Educação Ambiental existentes a discutir e promover o bioma Cerrado;
  2. Garantir a continuidade de projetos de Educação Ambiental no Cerrado;
  3. Promover o intercâmbio das iniciativas existentes através da articulação em rede;
  4. Promover a capacitação de educadores sobre o bioma Cerrado;
  5. Inserir nas Conferências Escolares a importância da preservação do Cerrado;
  6. Elaborar atividades pedagógicas de pesquisa em campo com a utilização de kits, sementes, animais taxidermizados, cascas de árvores e solo para sensibilização;
  7. Criar métodos de avaliação para os projetos existentes no bioma;
  8. Resgatar a cultura local tradicional para facilitar alternativas de produção para a conservação do Cerrado;
  9. Incentivar a participação da comunidade em projetos no bioma.


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domingo, 5 de setembro de 2010

Dia do Cerrado, dia de Ary Para-Raios

Ary José de Oliveira fez palhaçadas sérias e do riso promoveu mudanças que o meio ambiente agradece

O 11 de setembro ficou marcado na história contemporânea pelos atos terroristas que atingiram os Estados Unidos e derrubaram o símbolo maior do capitalismo: as duas torres do World Trade Center. Mas o 11 de setembro é também uma data para celebrar a vida, pelo menos aqui no Brasil: é o Dia do Cerrado. A partir deste ano, todo 11 de setembro será dedicado a uma reflexão sobre a preservação do maior e mais agredido ecossistema brasileiro, graças a um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Toda essa deferência tem uma explicação. No dia 11 de setembro nasceu uma das figuras mais populares do Planalto Central: o artista plástico, diretor de teatro, jornalista e ambientalista Ary José de Oliveira, mais conhecido por Ary Pára-Raios - histórico e contuntente defensor do Cerrado.

Uma palhaçada
Era 31 de agosto de 1995. Reunião solene do Conama, o famoso Conselho Nacional de Meio Ambiente. O auditório do Ibama estava lotado. O tema de discussão era sobre as alterações substanciais que o governo federal pretendia promover no decreto 750 que estabelece a proteção da Mata Atlântica. Conselheiros, ambientalistas e funcionários do próprio Ibama aguardavam ansiosos o desfecho da discussão.

Ao mesmo tempo, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 3825/92, que também trata da Mata Atlântica, era aprovado na Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias. Quando a notícia chegou ao plenário do Conama, em comunicado do então secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Fábio Feldmann, o Esquadrão da Vida, liderado por Ary Pára-Raios, entrou no auditório entoando a canção "Bichos Escrotos", da banda Titãs. Foi apoteótico! Quem estava lá não esquece. Assim era Ary Pára-Raios: um palhaço, um artista, um jornalista, um tumultuador do bem.

Ary Pára-Raios fazia da arte uma brincadeira de gente grande. Era coisa séria para dar o recado exato. Sempre à frente de seu Esquadrão, esse palhaço das causas humanitárias, colocou sua arte a serviço do movimento ambientalista. Nos últimos anos, no auge da polêmica em torno do Código Florestal não foram poucas que ele surgia vendendo alegria e cobrando posições das autoridades. Ary Pára-Raios era único. O Cerrado merece ter o mesmo dia de seu nascimento.


O profissional
Muita gente conheceu apenas o palhaço de rosto pintado e plantando bananeira pelas ruas de Brasília ou à frente de seu Esquadrão mandando algum recado para o poder. Mas Ary Pára-Raios ia além: jornalista profissional, trabalhou no Correio Braziliense e, em 1989, criou seu próprio jornal: o Viva Alternativa.

O teatro engajado
Pioneiro do teatro de rua de Brasília, o grupo criado por Pará-Raios baseou seus trabalhos na mistura de experimentalismo artístico e compromisso social. Entre os espetáculos produzidos pelo grupo estão "O Bicho Homem e Outros Bichos", "Na Rua com Romeu e Julieta" e "Folia Real". Ao longo de duas décadas, mais de 150 pessoas passaram pela companhia, que registrou 21 peças, 25 campanhas e mais de 20 oficinas.

"Ary era um radical bem-humorado e sua vertente palhaço estava sempre presente. Ary não gostava de facilidades, sempre trilhava o caminho mais difícil", diz Sérgio Henrique Guimarães, do Instituto Centro Vida (ICV) de Cuiabá - MT.


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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Encontro Regional - Programação

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(clique na imagem para ampliar)


Venha participar, conhecer e compartilhar conhecimentos
 sobre o Cerrado Paulista!


PROGRAMAÇÃO:

  • 08:30 - Chegada e acolhimento.
  • 09:00 - Café.
  • 09:30 - Boas vindas do Projeto Arte na Terra e palestra do Instituto Vidágua.
  • 10:45 - Caminhada e vivências no Cerrado.
  • 11:30 - Feira de sementes.
  • 12:30 - Cachoeira - culto às águas.
  • 13:00 - Almoço - quitutes da fazenda.
  • 14:00 - Roda de conversa – momento para troca e compartilhamento de experiências.
  • 16:00 - Pensando o futuro do Cerrado Paulista e criação da rede.
  • 17:00 - Lanche da tarde.
  • 17:30 - Encerramento.

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domingo, 29 de agosto de 2010

Encontro Regional sobre o Cerrado Paulista

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Encontro Regional sobre o Cerrado Paulista:  Aspectos da vegetação e iniciativas socioambientais

O Instituto Ambiental Vidágua, em parceria com o Projeto Arte na Terra, promove no dia 25 de setembro o Encontro Regional sobre o Cerrado Paulista: Aspectos da vegetação e iniciativas socioambientais. O evento acontece na Fazenda São Luiz, em São Joaquim da Barra-SP, é totalmente gratuito e aberto aos interessados. Terá inicio às 9h, seguindo até as 17h, com almoço incluído, visando compartilhar experiências e informações sobre o Cerrado na região, as iniciativas e projetos desenvolvidos, conversando sobre a situação do bioma na região, compondo um banco de dados sobre o Cerrado e um plano de ação. As atividades incluem palestra, vivência no Cerrado, feira de sementes, rodas de conversa e levantamento de informações para elaboração de um dossiê sobre o bioma. Haverá transporte gratuito para os participantes, saindo de Ribeirão Preto, e emissão de certificados. As vagas são limitadas e as inscrições deverão ser feitas neste blog.

O Encontro faz parte faz do projeto Estratégias para Conservação do Cerrado Paulista a partir da mobilização da Sociedade Civil, financiado pelo Programa de Pequenos Projetos Ecossociais da ONU – PPP/GEF/PNUD, e desenvolvido pelo Instituto Vidágua, que tem como objetivo divulgar o bioma e ressaltar sua importância biológica, medicinal e social, levantar informações para produção de materiais e criar um grupo multidisciplinar permanente de discussão e desenvolvimento de projetos com os interessados em todo Estado de São Paulo. Em 2005, o Vidágua desenvolveu a primeira fase deste projeto concentrado na região de Bauru/SP, desenvolvendo produtos de divulgação e realizando palestras e eventos na tentativa de colocar o Cerrado na pauta política regional. Agora, a proposta é abranger as ações para outras áreas com incidência do bioma, entre elas, Ribeirão Preto.  
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sábado, 28 de agosto de 2010

O Cerrado Paulista

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Maria Mole do Brejo
Quem circula pelas estradas próximas a Araçatuba e Presidente Prudente, no noroeste do Estado de São Paulo, por Botucatu, Marília e Bauru, já na região central, ou mesmo por Campinas, em direção à capital, costuma ver uma paisagem com árvores de troncos tortuosos e de folhas grossas, que lembram esculturas barrocas. Chamado injustamente de mato, esse é o Cerrado, vegetação associada ao Centro-Oeste brasileiro, mas que atravessa o território paulista e chega ao norte do Paraná.
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Considerado ponto crítico para a preservação da biodiversidade, o Cerrado brasileiro encontra-se muito fragmentado e degradado pelo avanço das cidades, da agricultura e da pecuária. Em São Paulo, ocupa apenas 1% da área do Estado (248,8 mil km2), da qual já cobriu 14%. E só 18% do que resta é protegido por 32 unidades de conservação e de reserva legal. O problema é sério. Está ameaçada não apenas a biodiversidade, mas também os estoques do Aqüífero Guarani, uma das maiores reservas de água subterrânea do mundo. Com a substituição da vegetação nativa por agricultura, os agrotóxicos e adubos podem chegar ao solo profundo e contaminar o aqüífero.
(...)
Berçário de rios - Segundo ecossistema brasileiro mais extenso, depois da Amazônia, o Cerrado ocupa atualmente 2 milhões de km2, dos quais 700 mil estão sujeitos à ação antrópica (intervenções humanas intensivas), segundo a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Total ou parcialmente, recobre 11 Estados e três capitais - Brasília, Belo Horizonte e Goiânia. Era a vegetação original da cidade de São Paulo, mas, hoje, os remanescentes mais próximos estão em Juqueri, a cerca de 50 km da capital.
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É no Cerrado - assim chamado por ser um emaranhado de arbustos, herbáceas e árvores muito difícil de ser atravessado - em que nascem as águas das principais bacias hidrográficas brasileiras, a Amazônica, a do Paraná-Paraguai e a do São Francisco. É também o ambiente próprio do buriti (Mauritia vinifera flexuosa), uma palmeira que cresce às margens de rios, e de espécies ameaçadas de extinção, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Vivem ali 4.400 espécies endêmicas de plantas, 800 de pássaros, 120 de répteis e 150 de anfíbios, de acordo com um levantamento recente da Conservation International, instituição não-governamental que no ano passado contribuiu para que o Cerrado brasileiro fosse incluído entre os hotspots (áreas críticas) do mundo.
(...)
Aproxima-se de 80 o número de espécies típicas do Cerrado com potencial econômico, enquanto outras 100 podem ter uso medicinal. Um estudo em andamento na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara indica que as plantas do Cerrado podem ser a fonte de medicamentos contra fungos, tumores e a doença de Chagas.
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Paisagem inspirou literatura e música
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As paisagens do Cerrado têm inspirado artistas na literatura e na música. Segundo o docente da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP Luiz Gonzaga Marchezan, campus de Araraquara, nas obras dos escritores Afonso Arinos e João Guimarães Rosa, além do buriti, as paisagens destacam o chão de areia, árvores tortas, arbustos, um cenário de savana tropical rica em bichos e plantas. "Aluno atento dos sertanejos, Guimarães reconhecia de longe espécies típicas do bioma, como imbaúba, barbatimão, pequizeiro, barriguda, jatobá e taquari", analisa Marchezan.
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O Cerrado já foi também exaltado na MPB pelas vozes de Gilberto Gil, Nara Leão, Zé Ramalho, entre outros. "Já sentiram das planícies orvalhadas o cheiro doce das frutinhas muçambê? Já experimentaram a guabiroba bem madura?", canta Nara Leão, em Penas do Tiê.
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Fontes: Pesquisa Fapesp e Jornal UNESP
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terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Cerrado

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Ipê do Cerrado
Sabe-se hoje que o Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta e cobre 25% do território nacional. Estimativas apontam mais de 6.000 espécies de árvores e 800 espécies de aves, além de grande variedade de peixes e outras formas de vida. Calcula-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das espécies de abelhas sejam endêmicas, isto é, só ocorrem nas savanas brasileiras. Devido a esta excepcional riqueza biológica, o Cerrado, ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos "hotspots" mundiais, isto é, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta. Sua fisionomia mais comum é uma formação aberta de árvores e arbustos baixos coexistindo com uma camada rasteira graminosa. Existem, entretanto, várias outras fisionomias, indo desde os campos limpos até as formações arbóreas.

Nas últimas décadas, o Cerrado tem sido visto como uma alternativa ao desmatamento na Amazônia, sendo proposta a exploração mais intensa dessa região, seja por expansão agrícola, seja por plantios florestais para fixar carbono atmosférico. O processo de ocupação do bioma chegou a tal ponto que não é mais apropriado considerá-lo como "fronteira". A ocupação humana e a construção de estradas fizeram com que uma massa contínua de área com biota natural se transformasse numa paisagem cada vez mais fragmentada, composta por ilhas inseridas numa matriz de agroecossistemas.

A extensa transformação antrópica do Cerrado tem o potencial de produzir grandes perdas de biodiversidade, especialmente em vista das limitações das áreas protegidas, pequenas em número e concentradas em poucas regiões. O grau de endemismo da biota do Cerrado é significativo e pouco se conhece sobre a distribuição das espécies dentro do bioma, embora esforços importantes de pesquisa tenham sido iniciados na década de 1980.

Cerrado é uma palavra de origem espanhola, que significa fechado. Este termo busca traduzir a característica geral da vegetação lenhosa densa que ocorre na formação savânica. Entretanto, a falta de uniformidade na sua utilização ao longo da história gerou uma série de controvérsias e dificuldades na comparação de trabalhos da literatura.

O emprego do termo "cerrado" evoluiu e uma das acepções de uso corrente mais abrangente refere-se ao bioma predominante no Brasil Central, que deve ser escrita com a inicial maiúscula ("Cerrado"). Uma outra acepção, cerrado em sentido amplo, reúne as formações savânicas e campestres do bioma, incluindo desde o cerradão até o campo limpo.

Referência bibliográfica: "Biodiversidade do Cerrado e Pantanal: áreas e ações prioritárias para conservação"/Ministério do Meio Ambiente. - Brasília: MMA, 2007.

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